Como um psicólogo pode auxiliar casais?

Muitos são os motivos que levam um casal a decidirem viver juntos. Por vezes, observa-se conflitos pessoais e internos que levaram aqueles sujeitos a tomarem essa decisão. Cada um possui uma motivação muito particular, muitas vezes oculta a si próprio, que suscita a união. Um exemplo disso, são as pessoas que almejam se tornar independente dos seus pais e casam-se buscando esse afastamento da sua família de origem.

Além disso, mesmo nos dias de hoje, o casamento ainda está revestido de um certo encantamento através da ideia “casaram-se e foram felizes para sempre”. Nega-se as dificuldades, as diferenças e os conflitos que surgirão entre duas pessoas distintas.  A partir desta perspectiva, o casamento não é apenas uma saída diante de um conflito interno, mas também o caminho para a felicidade. 

Não se pode negar que cada pessoa é única e possui crenças, qualidades, defeitos e manias. A convivência diária e tão próxima traz à tona essas diferenças de modo voraz e é preciso saber lidar com elas, da forma mais empática possível. 

Dificilmente os jovens são informados sobre as dificuldades enfrentadas por um casal diante de suas peculiaridades e costumes. Alguns poderão cair na cilada de tentar impor ao outro seu próprio modelo e o outro pode tentar aceitar aquilo que lhe é imposto, inicialmente. Mas o que observamos com frequência é que isso não se sustenta por muito tempo e os conflitos logo aparecerão. Brigas, discussões, desentendimentos podem enfraquecer a relação e o diálogo. A meu ver, esse é o ponto mais delicado: quando um casal desiste de dialogar e se entender em razão do diálogo entre eles gerar ainda mais brigas, percebe-se os conflitos e desavenças não resolvidas. Estas virarão uma bola de neve e a mágoa só tende a aumentar. 

Já é sabido que a chegada de um filho gera uma crise no casal. Se o casal não estiver fortalecido, o casamento pode ruir em poucos meses. A chegada de um filho traz uma dedicação imensa por parte da mulher. Ela precisa voltar seu olhar para aquele pequeno ser que depende exclusivamente de um outro para sobreviver. Isso não é só natural, como também necessário para o desenvolvimento físico e emocional do bebê. 

Nessa hora, o pai, se estiver desconectado da sua companheira e do processo de tornar-se pai, pode se sentir deixado de lado e abandonado. Se o diálogo e a parceria entre eles não estiver bem consolidada, a tendência é que ambos se isolem em seus anseios, medos e inseguranças. Sofram sozinhos e culpem o outro por sua dor. Diante do conflito e da dificuldade de ambos em buscar soluções para a desordem, o casal pode se afastar cada vez mais e, assim, caminhar rumo à dissolução da união. 

A psicoterapia de casal pode auxiliar os cônjuges a trabalharem seus sentimentos em relação ao outro. Nas sessões é possível dizer ao companheiro aquilo que não foi possível ser dito em outro espaço, sem a mediação de um profissional qualificado. É possível falar e escutar aquilo que o outro sente e que não foi verbalizado anteriormente. 

O psicólogo irá mediar à conversa, os conflitos, estimular que o casal se abra e dialogue mais. Como todo processo terapêutico, é preciso que ambos desejem estar ali para lidar com as dificuldades da relação. Não é um caminho fácil. Haverá sessões onde a fragilidade e os defeitos mais ocultos virão à tona e será duro lidar com tudo isso. Mas se houver desejo em caminhar junto, enquanto casal, a mediação de um psicólogo pode ser fundamental para a reconstrução e ressignificação dessa união. 

Leticia Amadeu 

Psicóloga 

CRP.: 05/37891

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